Desde setembro do ano passado, as florestas da Austrália têm enfrentado uma série de queimadas violentas. Um mês antes, em agosto, a Amazônia também enfrentou umas das piores crises da história. Em meio aos milhares de hectares queimados, a dúvida: quais são as principais diferenças entre as queimadas na Austrália e na Amazônia?
De acordo com dados do governo australiano, mais de 25 pessoas e 500 milhões de animais morreram.
No Brasil, os dados eram tão alarmantes quanto, chamando a atenção a nível global. De acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência, somente em agosto foram 30.901 focos ativos na parte da floresta que cobre o Brasil.
Ainda assim, para os especialistas, os focos registrados em ambos os países são bem diferentes entre si e não podem ser comparados.
Pode dentro das diferenças entre as queimadas na Austrália e na Amazônia
As diferenças entre os países não estão apenas no idioma ou na cultura. No que se refere à vegetação, os países são completamente distintos. Na Austrália a vegetação tropical é seca, no Brasil tende a ser úmida.
Assim, apesar da gravidade e dos riscos enormes, a vegetação da Austrália é mais acostumada com o fogo, o que faz com que ela se adapte melhor e se recupere mais rápido. Além disso, os incêndios têm causas naturais.
Já na Amazônia, por ser mais úmida, a flora não está preparada e nem se adapta bem ao fogo. Por isso, os fogos de incêndio na região só têm início se alguém, de fato, colocar fogo. Isso faz com que o impacto sentido no ecossistema seja ainda maior.
Especialistas ainda reforçam que a Austrália é dominada por tipos de vegetação que dependem do fogo para crescer. Na Amazônia, acontece o inverso, com um ecossistema vulnerável ao fogo.
Ou seja, ainda que ambos os casos sejam graves e sem precedentes, não é possível compará-los e nem tomar medidas parecidas para combater o problema e evitá-lo em um futuro próximo.
Processo de savanização já começou
Por falar em futuro, pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados da Universidade Federal de São Paulo afirmam que há indícios de que o processo de savanização começou na região amazônica. Isso significa que a Amazônia pode deixar de ser úmida e passar a ser mais parecida com o Cerrado.
Entre as causas, estão o desmatamento e as queimadas, já que a recuperação do ecossistema em regiões úmidas é infinitamente mais lenta. Estudos apontam que a taxa de mortalidade das árvores após incêndios é de 50%.
Emissão de carbono nas queimadas na Austrália e na Amazônia
O fogo incessante na Austrália, que já dura mais de quatro meses, faz com que o número de mortes seja exponencialmente maior do que no Brasil. No entanto, especialistas afirmam que o custo relacionado às emissões de carbono tende a ser maior na Amazônia.
Isso porque, como a floresta Amazônica é úmida e as queimadas na Amazônia são causadas pelo desmatamento e ações humanas, a tendência é que seja queimada mais biomassa, ocasionando maior emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.
Além disso, as chamas e fumaça são ainda mais agressivas e perigosas, ocasionando um verdadeiro boom nas emissões.
Por que as queimadas se intensificaram na Austrália?
As queimadas na Austrália são consideradas um fenômeno natural, que ocorre todos os anos entre o final da primavera e início do verão. No entanto, o problema está na duração do evento, que teve início antes mesmo do período previsto e ainda acomete a região em alguns pontos.
Muito mais violento que nos anos anteriores, os incêndios, de acordo com especialistas, tem se proliferado devido à as mudanças climáticas e ao clima seco, o vento e as altas temperaturas. Na região foram registradas ondas de calor de cerca de 50°C.
Estado de emergência é decretado
No Brasil, vimos uma grande nuvem de fumaça cobrir as mais diversas regiões de norte a sul. No entanto, não foram registrados casos de mortes por fumaça tóxica e nem qualquer outro problema relacionado ao evento.
Na Austrália, acontece o inverso. Apesar de acostumados, como as queimadas fugiram do controle, médicos vêm alertando para um estado de emergência em saúde pública. A fumaça tóxica pode ser sentida em Sydney e em outras regiões – com mais e menos força.
Milhares de centenas de pessoas foram forçadas a deixar suas casas e muitas residências foram queimadas, especialmente àquelas localizadas próximo da floresta tropical.